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A PrEP na América Latina: resultados positivos e desafios a serem enfrentados

Um estudo publicado no periódico The Lancet HIV aponta resultados promissores sobre a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) ao vírus da imunodeficiência humana (VIH) na América Latina. Realizado de 2018 a 2021 em 14 serviços públicos de saúde no Brasil, quatro no México e 10 no Peru, o estudo contou com a participação de 9.509 indivíduos.


A PrEP consiste no uso de antirretrovirais para reduzir o risco de infecção pelo VIH, sendo uma das medidas da chamada: prevenção combinada. A eficácia da PrEP oral, composta de fumarato de tenofovir desoproxila + entricitabina, está relacionada à adesão terapêutica e a outras medidas de proteção, como o uso de preservativos e gel lubrificante.


A primeira boa notícia do estudo é que o início imediato da PrEP é viável na América Latina, apresentando baixas taxas de interrupção e alta adesão tanto terapêutica quanto ao acompanhamento médico. Entretanto, é preciso considerar e abordar os determinantes sociais e estruturais de vulnerabilidade e estigmas em relação à infecção pelo HIV para assegurar a eficácia plena da PrEP.


Dos participantes do estudo, 795 (8,4%) interromperam o acompanhamento e 6.477 (68,1%) aderiram à PrEP. Destes, 5.783 (70,3%) fizeram uso prolongado dos medicamentos. Os resultados mostraram que travestis e mulheres transgênero, participantes entre 18 e 24 anos e aqueles com baixa escolaridade (até o ensino fundamental) tiveram mais chances de abandono precoce do acompanhamento e menos chances de adesão à PrEP a longo prazo.


A segunda boa notícia: O uso da PrEP não aumentou o número de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), apesar da presença das infecções, não houve compensação de risco.

A incidência de sífilis foi de 10,09/100 pessoas-ano. As prevalências de infecção retal por clamídia e gonorreia verificadas no início do estudo foram de 9,2% e 11,8%, respectivamente, e diminuíram ao longo do estudo. Porém, como destacado pela Dra. Valdiléa Veloso, primeira autora do estudo e diretora do INI/Fiocruz, ainda foi alto o número de casos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) entre os participantes.


Assim, o estudo ressalta a importância da testagem molecular de rotina para o diagnóstico de clamídia e gonorreia em pacientes assintomáticos. Inclusive sugerindo a incorporação e maior facilidade no acesso destes testes no Sistema Único de Saúde (SUS). Esta medida levaria a maior número de tratamentos de assintomáticos e diminuiria a taxa de transmissão das doenças.


Apesar de não haver aumento de ISTs em decorrência do uso da PrEP ficou evidente a disparidade dos desfechos entre as pessoas com menor grau de escolaridade e as travestis e mulheres transgênero.


Em resumo, o estudo mostrou que a PrEP é uma medida eficaz na redução do risco de infecção pelo HIV na América Latina, apresentando baixas taxas de interrupção do acompanhamento e alta adesão tanto terapêutica quanto ao acompanhamento médico prolongado. No entanto, é necessário abordar as desigualdades sociais e estruturais para garantir que a PrEP seja acessível e eficaz para todos os grupos vulneráveis.

Saiba mais sobre o PREP em http://imprep.org/ e acompanhe todas as novidades cientificas sobre essa medida que revolucionou a história científica do HIV.


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Referências: ImPrEP Study Group. Lancet HIV. 2023 Feb;10(2):e84-e96. doi: 10.1016/S2352-3018(22)00331-9. Epub 2022 Dec 21. PMID: 36565708; PMCID: PMC9889521.

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